Andei com algumas dúvidas se deveria escrever sobre este assunto. Para já porque gera controvérsia e depois porque está politizado.
Não vou aqui manifestar-me pró “sim” ou pró “não” mas tecerei alguns comentários que me desgostam como cidadã, como mulher, como mãe, se quiserem, como povo. Estaria eu à espera de ver alguns debates, algumas conversas, alguns esclarecimentos com rigor científico, com seriedade, com sentido de cidadania. Nós, povo, precisaríamos de algo mais que ouvir uns a defender “direitos das mulheres”, outros “direitos das crianças”, outros “falta de direitos” porque se vão valendo da nossa ignorância (nossa, do povo) para ambicionarem a outros “direitos” que não são manifestamente aqueles que vão ser referendados.
Afinal vamos votar em consciência, mas para isso é preciso formá-la, informá-la, disponibilizar-lhe os conhecimentos que lhe permitam tirar conclusões.
Tenho ouvido pouco a comunidade do conhecimento falar, porquê?
É polémico esclarecer o desenvolvimento da vida ou é inconveniente transmitir verdades que levarão pessoas, como eu, a tomar uma posição politicamente menos desejável?
Aquilo que nos chega são slogans encomendados de “direito à vida”, “direito à escolha”, “não à morte”, “método contraceptivo”, mas afinal estamos a falar de quê?
Eu pensava que, independentemente da posição que se tivesse, falávamos de VIDA. É isso que tem faltado, sabermos falar de vida, de viver, de querer ser-se plenamente numa sociedade de amparo, de apoio, de suporte e ajuizar, condenar memos os actos dos outros. É essa forma de sermos cidadãos que ainda nos falta.