Na última semana todos somos entendidos, sabedores, especialistas do caso Madeleine que, naturalmente, não nos pode deixar indiferentes.
Os “peritos” aparecem, vindos dos sete cantos do mundo, avançam hipóteses, traçam profecias, delineiam estratégias, como se já não bastassem os experimentados jornalistas que acorrem ao local, demarcando a cena do crime, conjecturando mais de um milhão de possibilidades, mascando opiniões deste e daquele que encontram pelo caminho, tecendo críticas à falta de informação, avançando mesmo possíveis escapatórias que o autor do crime tem à mão.
E lá reaparecem os especialistas que vão amassando as suas ideias neste e naquele veículo da imprensa e maçando os nossos ouvidos num frenesim tal que quase parece uma corrida à melhor. Melhor qualquer coisa que não sei bem o quê.
Facto é que Madeleine, a menina de três anos inglesa de férias no Algarve desapareceu. Tudo o resto são lérias, palavreado que não “aquenta nem arrefenta”.
A policia portuguesa investiga e, naturalmente, prestará esclarecimentos aos pais da criança. Esclarecimentos que deveriam ser filtrados por psicólogos competentes porque a policia não é especializada nesse tipo de papel. A forma como se fala, o que se diz, a elaboração das questões a estes pais deveria ser cuidada por uma equipa multidisciplinar, tanto para não magoar, como para não dar perspectivas erróneas, ou mesmo não passar informações que possam prejudicar determinados caminhos da investigação.
Em Inglaterra o FBI dá todas as informações à imprensa? Essa é novidade para qualquer cidadão do mundo.
Os pais de Madeleine actuaram com negligência? Isso é um assunto para depois.
Esquecemo-nos todos que os criminosos também ouvem as notícias, lêem os jornais e, naturalmente, todos os pormenores publicados são-lhes preciosos para o passo seguinte estando, para além do mais, a actuar em vantagem.