A notícia é dada pela SIC.
Um grupo de crianças de uma pequena aldeia do Vietname, para alcançarem a escola, sujeitam-se a atravessar uma forte corrente de rio. Serenamente, atravessam a nado com os materiais escolares e vestuário dentro de sacos de plástico. Na outra margem fica a escola.
Para nós, europeus, quase entendemos isto como violência. Eles, asiáticos, entendem isto como um dever.
Para nós, europeus, quase condenamos aqueles pais que sujeitam os filhos ao perigo. Para eles, asiáticos, é uma vitória todos os dias.
Para nós, europeus, nem tanto seria preciso para a desistência. Para eles, asiáticos, trata-se de uma luta diária que não deixam de travar.
De forma alguma, aquelas crianças deveriam ter menos direitos que as nossas crianças. De forma alguma, nos regozijamos por coisas destas acontecerem no mundo moderno.
Mas faz-nos pensar.
Como hoje, nesta nossa sociedade desenvolvida, desperdiçamos tantos benefícios e tanto exigimos sem nenhum exercício de consciência.
Não teremos ainda a educação modelar, o apoio ideal, a escola perfeita. Certo que não.
E teremos a socialização responsável, a família equilibrada, os pais exemplares, os educadores convictos?
Por certo que não.
As nossas crianças não atravessam correntes turbulentas de um rio como aquelas crianças do Vietname.
Mas atravessam violentos caudais de desequilibradas estruturas sociais cujos riscos futuros são incalculáveis.