Recebi uma mensagem com diversos pensamentos de Rubem Alves. Fixei-me essencialmente num que dizia “educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu”. Fiquei a pensar como nos perdemos em conceitos tão rebuscados quando falamos de educação quando afinal tudo parece poder sintetizar-se tão simplesmente. Não digo facilmente porque, raras vezes, simples e fácil são sinónimos. Talvez tenhamos, desde há uns largos anos, erradamente, enveredado por este caminho cómodo da vida, ou seja, da educação e cuidamos domá-la por devaneios de homens e mulheres que, tendencialmente, olham tudo de uma forma demasiado básica resumindo todos os desígnios á soma de 2 e 2.
“Mostrar” alguma coisa a alguém é saber do que se fala, caso contrário corre-se o risco de cair em ensinamentos esvaziados ou limitar-se a produzir o que se leu e não se viveu, nem se amadureceu. Mostrar uma vida destituída de essência, carecida de alma, de reflexão a quem está puro como as crianças tem as suas consequências. O mesmo que querer ensinar-lhes uma canção quando somos completamente desafinados.
Se lhes mostramos uma vida sem cor como podemos exigir que pintem o arco-íris? Se lhes dizemos que todos somos iguais como queremos que elas entendam que existem os sem-abrigo? Se evitamos dizer-lhes não como aprendem a perceber a importância do sim? Se lhes proporcionamos todas as comodidades como aprenderão a lidar com as contrariedades? Se não lhe falamos da morte como podemos falar-lhes da vida?
Nesta missão cuja responsabilidade pertence à família, à casa, depressa se complementa na escola que, nos primeiros anos, é sua parceira.
Ninguém conseguirá transmitir esse mundo se, eventualmente, não passou por ele e não vive nele. Pode-se ensinar bem matemática mesmo sendo uma pessoa com menos carácter mas ninguém conseguirá ensinar outro a ser educado se não conseguiu ver para além do que, socialmente, se aceita como boa educação.