A ignorância é uma boa resposta à arrogância. Quando o tempo nos ensina a dar importância às coisas certas, passamos a ter alguma fama de iletrados, de leigos perante a esperteza dos outros ou ambições que preferimos não conhecer. Fazemos escolhas dando importância a outros valores, posicionamo-nos na vida de forma mais tranquila, não como meros espectadores mas mais observadores e perdemos a paciência com tudo o que é inútil ou mesquinho.
A actual sociedade, apesar de ser naturalmente mais instruída, não se está a transformar em naturalmente mais culta, deixando-se seduzir por algum oportunismo e subserviência. Os princípios adulteram-se e subvertem-se como um suporte garantístico de procedimentos, confundindo-se desenvolvimento com desorganização e sabedoria com esperteza. Continuamos a misturar a nossa história com o nosso futuro e a interpretar conceitos como se fossem regras, a falar de moralismos como se fosse um pregão e a confundir progresso com rebelião.
Mas nós de “espertos” temos muito pouco e facilmente reagimos sentimentalmente passando a criticar o que antes enaltecemos, ou seja, temos o sangue na guelra só que nos ferve durante pouco tempo.