O tempo que vai passando, leva-nos para outra idade.

Quinta-feira, 19 de Outubro de 2006

A propósito do meu desabafo anterior, tudo correu bem. A minha “tronchuda” andou um pouco triste com a ausência da “princesa” mas no reencontro trocaram umas lambuzadelas. A “princesa” aguentou-se à anestesia e está em convalescença, aproveitando-se do facto para exigir mais mimos e atenções do que é habitual.  

Mas quem não gosta de mimos, de ternura, de “lambuzadelas”? De vez em quando, sabem bem mesmo quando não estamos em convalescença.

E a propósito, na semana passada, juntei-me com um grupo de amigos e, como já vem sendo usual, os últimos aniversariantes são contemplados com umas pequenas lembranças… Não, não posso pormenorizar nem o significado nem a forma dessas oferendas porque obrigar-me-ia a adornar este trecho com uma bolinha vermelha no topo direito. Desculpem-me mas já me vai faltando a mão para o desenho e a minha sapiência informática ir-me-ia obrigar a ficar aqui toda a noite à procura da bolinha. Normalmente estes encontros são caracterizados pela boa disposição, pelo convívio salutar, pelo total descomplexo de etiqueta, o que nos faz sentir bem uns com os outros.

Desta vez fez-se um momento de silêncio, não só para cantar o fado mas para ler um poema que me lambuzou dos pés à cabeça. Para além da emoção do momento sensibilizou-me sobretudo a atitude, o gesto simples mas tão bonito de terem tido a ARTE de entrar no meu mais profundo sentir e transmitirem-me que vale a pena acreditar na vida, que toda a razão tem a força que lhe sabemos dar, que nem sempre estamos sós se as pedras da calçada nos magoam os pés, que é possível sobreviverem  orquídeas nos dias do nosso Inverno, desde que sejamos leais e verdadeiros. Por isso A de Amizade, A de Amor, A de Arte.

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publicado por outraidade às 01:07

Quarta-feira, 11 de Outubro de 2006

Tenho duas cadelas pequenas que encontrei abandonadas há uns anos. Uma é gordinha, ladra mas não morde, cega de um olho, desdentada mas ronrona como os gatos quando a acariciamos e só entende o que lhe interessa, sobretudo todas as palavras que tenham a ver com comida. Apesar de não ser esse o seu nome, carinhosamente, chamo-lhe "tronchuda" e ela reconhece-se nele. A outra, é elegante, com um pelo suave, um olhar atento, insegura, sofrendo de uma arritmia acentuada. Costumo chamar-lhe "princesa" mas também não é esse o seu nome de registo.

Ambas vão ser submetidas a uma operação cirúrgica brevemente, a primeira porque necessita de uma limpeza profunda aos dentes e a segunda porque tem um tumor numa mamita.

Nada indicia que a "tronchuda" possa correr qualquer perigo mas a "princesa" reage mal às anestesias. Isto parece uma conversa de crianças mas ambas são muito importantes para mim. Em momentos de solidão por que passei, foram a minha companhia mais fiel, mais presente, mais compreensiva. Fiéis na sua atitude, presentes quando precisava de partilhar o meu sofrimento e compreensivas porque não exigiam mais do que aquilo que, naquele momento, lhes podia dar.

Apesar disto parecer uma futilidade, perdi a vergonha para dizer aquilo que sinto. Coisas da idade...

publicado por outraidade às 17:47

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