Se se quer ser considerado neste País ou se é engenheiro ou doutor, os outros nada são. Esta modinha que se instalou há muitos anos e que é reveladora da nossa pouca dimensão mental. De repente, a propósito de um certo diploma ou título, a “telenovela” instalou-se
Afinal todos ficamos foi com uma certeza: a partir de agora os deputados da Assembleia da República vão começar a tratar-se por “Senhor licenciado” (digo eu) ou, talvez não porque afinal a questão só tem a ver com os engenheiros, não com os doutores.
Não deveriam tratar-se pelo que fazem ou é pouco conveniente?
“É a sua vez Sr. Deputado, advogado, administrador, presidente de associação, gestor, conferencista” – diria o Ex.mo Presidente da A.R .
“- Perdão Sr. Presidente, não poderei intervir porque V.Exª não referiu a minha qualidade de escritor e, como tal, a minha dignidade sente-se posta em causa, já que não posso deixar passar em claro aquela que considero uma das minhas formas de maior intervenção social, atendendo à temática das obras que tenho publicado”.
“- Ora, não querem lá ver este (pensa logo o do lado) e eu que até fiz programas na televisão para ensinar aos portugueses a língua portuguesa”.
“- E eu que me farto de trabalhar, para além das minhas funções camarárias, de presidente da Sociedade Cultural e Recreativa, nos bombeiros, as inaugurações, nada disto conta?”
“- Ora, grande coisa e eu que até j á teatro fiz, mas não um teatro qualquer, teatro e de qualidade.”
“- Ó menina, palcos é comigo, nada de imitações”.
O "bruá" era tal que alguém ….
“- Ó ricos acalmem-se, em eventos sociais sou o primeiro e tenho muita honra nisso A idade é que já nem sempre me permite mas cheguei a ter um clube de fãs”.
Bom porque hoje é o dia do livro, brinquei um pouco com a realidade que temos. E nós, portugueses que, até temos bons escritores, perdemo-nos a ver estas novelas da vida real em horários nobres das televisões, porque imaginação é coisa que não nos falta "idiotizadas ” por engenheiros e doutores, melhor dizendo, afinal licenciados.