O tempo que vai passando, leva-nos para outra idade.

Quarta-feira, 25 de Junho de 2008

 

De quando em vez dou comigo a tentar pensar em coisas mirabolantes para poder escrever sobre elas. Coisas que interessem aos outros, que lhes despertem outros sentimentos, que lhes afiem a curiosidade. Mas tudo parece tão prosaico, tão insignificante. Afinal nada se passa na minha vida de tão peculiar.

Mas, para variar, vou falar dos meus vizinhos.

Sim, de uns vizinhos muito especiais que aproveitaram o ninho deixado debaixo do alpendre desde o ano passado por outros locatários, limitando-se a particularizá-lo com algumas penas fofas que lhe enfeitam as bordas e, numa azáfama alvoraçante, passaram todo o fim de semana em voos rasantes, deixando-me na dúvida da evolução daquele enamoramento.

Os humanos que aparecem por ali causam-lhe estranheza. Nisso diferem bastante dos inquilinos do ano anterior que pouco ou nada se importavam com essa gente. Os receios obrigam-nos a movimentos incessantes de que não desistem, como suplicando “por favor saiam daí” e, em códigos que trocam entre si, soltam pios de sonoridades diferentes, agitando o meu prazer nas espreitadelas que lanço por entre as frestas das janelas, inebriada naqueles desvarios de harmonia, enredando-me na bisbilhotice daqueles dois seres que me dão lições de persistência e despejam nos meus silêncios algumas gotas de alegria.

Afinal sempre vamos ter mais herdeiros?!

No ano passado, um dos pequenotes era muito mandrião. A mãe dava-lhe lições de voo mas ele enfronhava-se no ninho preferindo esperar por umas migalhitas. A insistência aventurou-o a duas saídas que cessavam no parapeito da janela onde soltava frenéticos chamamentos que não comoviam ninguém. Um dia, lá se fez ao voo quando percebeu que a mãe não voltava, apesar de estar à sua espera numa árvore do fundo do quintal.

 

 

publicado por outraidade às 18:15

Quinta-feira, 12 de Junho de 2008

Que me perdoem os artistas circenses esta analogia, tanto mais que os rostos calorosos dos palhaços, a singeleza acolhedora do palco, a dedicação posta em qualquer espectáculo de circo que tanto admiro, terá o direito de se sentir magoada com a minha comparação.

O debate quinzenal na AR é um espectáculo com muita falta de profissionalismo.

Ora toma lá e agora dá-me cá sem estratégia, sem preparação, sem preocupação de, pelo menos, saber o que se diz, como se diz, é degradante. Sobretudo sendo o debate sobre o aumento dos combustíveis e transportes rodoviários, fica-se sem saber qual é afinal a responsabilidade cometida ao governo em todo o aparato dos últimos dias, estando o parlamento muito mais preocupado com a aprovação ou não aprovação do Tratado de Lisboa na Irlanda.

Eu, pateta, fiquei a pensar que o coelho saía mesmo da cartola…

 

publicado por outraidade às 20:07

Terça-feira, 10 de Junho de 2008

Ora, ora, também um Presidente é humano…estamos a ficar muito puristas. O termo “raça” pode ter muitos significados nesta nossa língua portuguesa… O que me dá vontade de rir não são os tropeções do Presidente mas os acutilantes “opositores” que não perdem a oportuna reclamação para  “explicações democráticas”. Fico-me num tal espanto com estes “representantes do povo” que apregoam a “sua democracia”, a “nossa democracia”, dizem eles.

A historiadora Conceição Meireles faz uma abordagem muito interessante relativamente ao sentido que o Estado Novo atribuiu às comemorações do 10 de Junho.

Não, não é daqui que virá a ameaça.

 

Concordamos, a língua portuguesa é extremamente intrincada. Até se presta a confundir quem a utiliza ou quem a ouve (?!). Intencionalidade ou ignorância? Hoje estou num dia de total benevolência e quero partir de pressuposto que a maioria dos jornalistas são caloiros. Falar “da greve dos camionistas” ou “do protesto dos camionistas” é a mesma coisa? Conclui-se, afinal, que nem estamos sequer em nenhuma destas situações e que as notícias são totalmente falaciosas porque quem está a protestar contra o aumento dos combustíveis são os empresários. Mas existe um “piquete de greve”(?!) Nada disso, é mais uma imprecisão linguística, aqueles senhores são apenas os organizadores ou defensores de quem, voluntariamente, se quer juntar ao manifesto. E vejam que são os próprios empresários que conduzem os camiões (aproveitaram para dar férias aos empregados).

 

Acabou-se! Sinto esta “democracia” muito baralhada. Ou sou eu que já não sei nada da língua portuguesa?

 

 

publicado por outraidade às 13:07

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