O tempo que vai passando, leva-nos para outra idade.

Domingo, 29 de Março de 2009

       

 

Estes tempos duma realidade que nos revolta as entranhas em que o descaramento passou a ser referência, em que se assumem delitos em nome de valores, em que deixou de ser vergonha arrecadar o que não lhes pertence, que tudo passou a ser verdade sem se saber se é mentira, que em nome de objectivos transparentes se sustentam os sombrios, que a escrita serve a oralidade incoerente, que se apregoam milhões aceites no meio de quem passa fome, é para qualquer ser normal uma ofensa.

            E eu, que já tenho idade para não me sentir desconsiderada com qualquer prosápia, sinto-me a servir este mundo de vaidades, com gente que me afronta cada vez que aparece, exibindo carros que contribuí para lhes comprar e mordomias que se não fosse eu não tinham.

            Não há política que resista a homens que, publicamente, demonstram falta de carácter, a partidos que se deixam dominar por poderes pérfidos, a justiça que se diz pressionada, a informação que se deixa envolver por deveres que não constam na sua deontologia.

            Não há sociedade que consiga erguer como bandeira preceitos que escorregam em baralhadas escudadas em nome duma natureza que ninguém entende a não ser que também esteja envolvido nela.

            Por favor não me ofendam mais, não tenham a desfaçatez de claramente me chamarem lorpa e, pelo menos, recatem-se enquanto o povo não acorda.

 

           

 

publicado por outraidade às 19:46

Sábado, 21 de Março de 2009

 

Dia da Poesia! Poesia como forma de escrita, palavras que se transformam em sentimentos, acasalamento de ideias que resvalam para o imaginário, coloração de detalhes arrevesados de pensamentos em golfadas de vida, estimulada inspiração. A poesia é doce e amarga, é redonda e quadrada, é leve e pesada, é fria e quente. A poesia não mente, não fica ausente, é presente.

 

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publicado por outraidade às 17:37

Quarta-feira, 18 de Março de 2009

 

Recebi uma mensagem com diversos pensamentos de Rubem Alves. Fixei-me essencialmente num que dizia “educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu”. Fiquei a pensar como nos perdemos em conceitos tão rebuscados quando falamos de educação quando afinal tudo parece poder sintetizar-se tão simplesmente. Não digo facilmente porque, raras vezes, simples e fácil são sinónimos. Talvez tenhamos, desde há uns largos anos, erradamente, enveredado por este caminho cómodo da vida, ou seja, da educação e cuidamos domá-la por devaneios de homens e mulheres que, tendencialmente, olham tudo de uma forma demasiado básica resumindo todos os desígnios á soma de 2 e 2.

“Mostrar” alguma coisa a alguém é saber do que se fala, caso contrário corre-se o risco de cair em ensinamentos esvaziados ou limitar-se a produzir o que se leu e não se viveu, nem se amadureceu. Mostrar uma vida destituída de essência, carecida de alma, de reflexão a quem está puro como as crianças tem as suas consequências. O mesmo que querer ensinar-lhes uma canção quando somos completamente desafinados.

Se lhes mostramos uma vida sem cor como podemos exigir que pintem o arco-íris? Se lhes dizemos que todos somos iguais como queremos que elas entendam que existem os sem-abrigo? Se evitamos dizer-lhes não como aprendem a perceber a importância do sim? Se lhes proporcionamos todas as comodidades como aprenderão a lidar com as contrariedades? Se não lhe falamos da morte como podemos falar-lhes da vida?

Nesta missão cuja responsabilidade pertence à família, à casa, depressa se complementa na escola que, nos primeiros anos, é sua parceira.

Ninguém conseguirá transmitir esse mundo se, eventualmente, não passou por ele e não vive nele. Pode-se ensinar bem matemática mesmo sendo uma pessoa com menos carácter mas ninguém conseguirá ensinar outro a ser educado se não conseguiu ver para além do que, socialmente, se aceita como boa educação.

 

 

 

 

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publicado por outraidade às 18:19

Quinta-feira, 12 de Março de 2009

Afinal há mesmo remédio para tudo! Hoje está na moda - chocolate. Serve para todos os males, como banha da cobra (dispensa-se literatura de cordel). Será que também faz bem à crise?

Na civilização Maia os curandeiros enfatizavam os seus efeitos estimulantes e analgésicos.

Napoleão usava-o como energético para as suas tropas.

No século XX, finalmente, é mesmo remédio para tudo - poder antioxidante, vital para o crescimento, actua sobre o sistema nervoso central e muscular, melhora o funcionamento do coração, poderes de estimulante cerebral e concentração, previne a insónia e facilita o bom-humor,etc.

Recentemente, o que está a dar são as aplicações externas de chocolate para a pele, para a celulite, para o adelgaçamento, para relaxamento...

Andamos a precisar de chocolate para melhorar a imagem dos políticos, um cacau quente todas as manhãs na Assembleia da República, sobremesa obrigatória nos grandes jantares de negócios, um quadradinho aos jornalistas antes dos directos,"un petit gateaux" nos "coffee-break" das reuniões da UE.

Não faria mal também aos portugueses um pedacinho (porque não dá para mais)

todos os dias ao deitar.

A ver se acordamos com menos amargos de boca.

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publicado por outraidade às 22:19

Segunda-feira, 02 de Março de 2009

Pergunto-me tantas vezes o que é ser feliz. E perco-me em mil conjecturas de tanta variedade que acabo sempre por concluir que não é coisa fácil e que requer uma construção minuciosa e árdua, projectando o lugar de cada palavra, de cada cor, de cada acto. Encontro nos poetas pouca coisa sobre a felicidade, mas esses, têm a nobreza de atingir um outro patamar do estar, quase intransponível para mim, simples pessoa tão ligada às coisas, às pequenas coisas que preenchem o meu diário.

Quanto mais alto colocamos esse ideal de felicidade, mais dificilmente lhe chegamos.

Perdemos a satisfação que deveríamos sentir ao ouvir uma boa música, ao escutar uma boa notícia, ao sentir o odor da Primavera porque projectamos que a felicidade é outra coisa muito mais profunda, limitando-nos a viver nesta busca permanente que nunca termina.

Entretanto, desaproveitamos tanta coisa boa com que fomos tropeçando pelo caminho.

 

(ao meu amigo José Carlos do blog Transdisciplinar que, durante algum tempo, me deixou comentários que me trouxeram momentos de felicidade)

 

 

 

publicado por outraidade às 21:57

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