Designa-se um período da nossa vida como “idade avançada”, “velhice”, “idoso”. Numa pesquisa sobre o tema encontrei uma classificação que me agradou e que perfilhei -“quarta idade adulta”, englobando-se aqui indivíduos com mais de 60 anos. Aliás, de acordo com a Organização das nações Unidas é considerado idoso o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos. Muito embora possa ser divergente este conceito de País para País, facto é que as políticas sociais e de saúde delimitam os grupos etários.
Naturalmente que o envelhecimento é um processo individual e, como tal, não pode ser standardizado.
A faixa etária mais avançada atravessa um fenómeno natural de envelhecimento biológico, que vai evoluindo de forma diferente em cada ser humano. Genericamente, à medida que a idade aumenta, o indivíduo torna-se menos activo e as capacidades físicas vão diminuindo. Paralelamente, as doenças vão-se manifestando, umas mais incapacitantes que outras, tudo isto dependendo da interacção de vários factores.
As vicissitudes biológicas e psicológicas são determinantes na atitude que cada indivíduo assume perante a vida.
Rudio dizia que “nascemos sozinhos e sozinhos morremos”, só que, em isolamentos diferentes. No primeiro, tudo e todos nos esperam, nos acolhem, nos afagam, nos desejam numa transbordante alegria; no segundo, independentemente das nossas crenças religiosas, invade-nos o abandono e a dor.
O processo de envelhecimento leva-nos a um corte com a vida em sociedade, ou, pelo menos, com algumas práticas sociais, gerando-se o sofrimento, o esvaziamento e a solidão.
Sentir-se isolado, abandonado, desvinculado do mundo é a expressão universalizada de solidão. Mas este sentimento ou “estado de alma”, aliados a muitos outros factores que se vão manifestando pelas implicações físicas naturais, provocam dor mas não pode ser sinónimo de fim ou de morte. Estamos cientes de que minimizando alguma solidão, é possível diminuir o isolamento.
As sociedades modernas, apesar das manifestações políticas de apoio ao idoso, têm esquecido a essência deste abandono, deste isolamento e desta solidão.
Por isso pensei neste espaço onde os que têm OUTRA IDADE poderão partilhar experiências, anseios, angústias, sentimentos onde os ecos têm retorno.
Fico à espera.
Martinha