É mais fácil ir escrevendo algumas ideias no meu outro “blog” intitulado “soviver” porque são quase notas soltas que lanço sem grande preocupação, dando asas a um devaneio ou a um sonho imediatista. As minhas ficções vão-se espraiando num descuidado ritmo que de quando em vez me assalta e eu, sem me dar conta, vou deixando que o mundo as partilhe, vou entrando nesta brincadeira de acreditar que alguém lê e gosta mas não me diz ou que não gosta e fica indiferente. Está aí alguém, pergunto eu enquanto escrevo. Mas ninguém responde e ou me convenço que alguém estará certamente, ou sinto-me tentada a desistir por não ouvir o eco da resposta.
Esta partilha não tem diálogo, consolando-me a ilusão de que alguém leu mas não respondeu. E nesta dicotomia entre eu e mim que na primeira pessoa pensa que escreveu alguma coisa que se lê e no complemento tece-me críticas destruidoras de quem não se toca, nem se vê, sinto a minha pouca fantasia, alguma falta de inspiração, a perda da imaginação que se desenhou nos gestos, na troca de olhares, nas percepções, nas palavras que se juntam e preenchem um serão de cavaqueira, a discussão acalorada por pensamentos, as prementes dúvidas ou convicções. Afinal, está aí alguém?