Segundo as estatísticas, os portugueses sofrem cada vez mais de doenças depressivas.
A depressão pode ser causada por vário tipo de factores mas, segundo parece, neste momento as causas advêm sobretudo de factores económico-sociais.
Ninguém, mínimamente responsável, pode ficar alheio às notícias que, nos últimos tempos, preenchem as primeiras páginas noticiosas.
A instabilidade financeira, a insegurança do mercado de trabalho, a fragilidade de valores sociais, levam qualquer mente atenta a perceber que os tempos não são prósperos.
Pior ainda, quando se desperta um pouco mais e se percebe que a sociedade se movimenta desordenadamente parecendo abeirar-se de um crash qualquer cujas consequências não se adivinham.
Os economistas anunciam recessões em cascata, os sociólogos avisam para alterações sociais, os políticos publicam impostos.
Mas, como sempre em épocas de crise, aparecem figuras grotescas que se valem de um certo desmando organizativo e, no meio de tudo isto, quem era sério passa a fantoche, fazendo do povo palhaço.
Os espíritos mais impressionáveis são, naturalmente, afectados. Porque não é possível aguentar todo este despautério sem qualquer reacção.
Pior é que, como sociedade civilizada, não se pode lançar umas flechadas.
Interioriza-se este civilizacionismo e se a ira latina não sai por um lado, acaba por sair por outro. Ou seja, entra-se pela madeira dentro.