Há coisas na vida que nos fazem pensar nos sentimentos dos outros. Temos naturalmente tendência, até como manifestação de solidariedade em confortar contando casos que foram bem sucedidos, com alguns contornos semelhantes podendo assim, sem manifestamente ter de dizê-lo, transmitirmos a nossa fé ou a nossa querença.
Outras vezes ficamos sem palavras, sem assunto, sem saber o que dizer ou por desconhecimento ou por não conseguirmos ultrapassar a intensidade do sentimento que o outro nos transmite. As palavras são realmente demasiado curtas isto para não falarmos já das maneiras diferentes como sentimos e reagimos.
Recentemente, por razões diversas, fico confundida com esta inovação da medição da dor. Como é que se mensura ou avalia uma sensação que é tão diferente de pessoa para pessoa, tão divergente, tão própria. Eu sei que já existem especialistas e consultas da dor e toda essa evolução científica que nos ajuda a conhecer e a tratar o corpo humano. Mas mesmo assim estamos a falar de algo que não basta dizer que dói ou como dói, numa classificação de
Num livro de poesia que descobri há dias diziam assim alguns versos:
“Tão só comigo, só a dor
Tão só comigo, só lágrimas de sangue
Tão só comigo, só a ilusão
Tão só comigo, só uma cruz
Tão só comigo, só a ausência,
Tão só comigo, só o sol
Tão só comigo, foste tu”
( Do livro “Entrega Libertadora” de Manuela Coutinho)