Nenhum português põe em causa que tem a melhor polícia do mundo. Bem do nosso feitio, deixamo-nos envolver pelas emoções, mesmo quando elas dizem respeito a outros povos do mundo. Somos, sem dúvida, temperamentais uma mais valia mediterrânica que, não raras vezes, nos atraiçoa. Deixámos para trás a aprendizagem de beber chá como os asiáticos e optámos pelo café cuja sedução condizia melhor com a nossa raça de aromas.
Este nosso sangue mesclado leva-nos a alguns comportamentos que mais não são que a consequência pragmática de, como dizia Moita Flores nos “prós e contras” da passada segunda feira, “quem não sabe teoriza”. Naturalmente, sem teorias nunca se teria chegado à ciência mas, verdade se diga, foram os exageros em teorias que vieram a demonstrar, ao longo da história dos povos, que nem todos os teóricos são cientistas. E, que me desculpem os mais patrióticos, a nossa classe “erudita” tem alguma tendência demasiado acentuada para teorizar. Ultimamente a menina inglesa tem sido motivo para espraiar considerações estouvadas o que, não abona nada a nosso favor como País.
Já bastam outros para fazer tristes figuras, mas esses dizem ter aprendido a beber chá, o que me levanta algumas incertezas.
As entrevistas, conferências de imprensa, imediatismo (para não dizer amadorismo) de alguns “media” a nível mundial espantam-nos, apesar de sermos este povo aqui no canto, com os olhos virados para o mar e uma alma cheia de esperança que nos suporta há longos anos.
Qualquer pessoa alheia a este acontecimento põe naturalmente uma série de interrogações, o que é natural, já que somos seres pensantes, as quais eu declino colocar neste momento para não machucar quem quer que seja. E estou certa que quem está a fazer as investigações deste caso também já as colocou. Mas isso são outros enredos, outros limiares que virão a seu tempo.
Mas há um parapeito no qual eu não posso deixar de por o meu manjerico, mais precisamente, as conferências de imprensa a que a PJ se tem submetido. A investigação é feita por investigadores, por operacionais que sabem e fazem aquilo para que estão preparados, mas esses mesmos operacionais não são, não deviam ser a ligação com a imprensa por várias razões:
- nenhum operacional tem preparação para dar conferências de imprensa e não chega a vontade, o jeito, umas luzes para, de um dia para o outro, passar a ser o porta-voz da PJ;
- não se compromete o rosto de um operacional numa situação destas que, já foi apelidado de tudo desde agente, a chefe, a director de departamento e que poderá ser coroado com louros se o caso tiver um desfecho positivo mas o contrário também é verdadeiro;
- em Portugal fala-se português e é essa a língua para qualquer comunicação como acontece, aliás, em qualquer outro País do mundo. Os jornalistas estrangeiros se não entendem servem-se de tradutores;
- ou há segredo de justiça e assuma-se isso totalmente (de acordo com a lei vingente) ou não há, meios termos, conforme os casos, é que não são opção;
- o Inspector-Chefe Olegário Sousa, cada vez que aparece, é o homem deitado às feras. Aplauda-se o esforço que denota, a habilidade com que se vai safando, mas caberia (não a ele é claro) mas a quem tem poder de decisão, pensar como está a expor aquela instituição.
Mas voltando ao nosso engenho e arte, um dia, esperemos, as coisas serão diferentes.