Não sei se terei fé para tanto ou se a tenho e não a vejo encontrando-se numa outra dimensão a que o meu esclarecimento não tem o dom de chegar. Às vezes, pergunto se a missão em que acredito não é uma forma de fé.
Todos temos uma jornada para cumprir que se alonga mais ou menos tempo, conforme a nossa capacidade para a levar ao fim. Esse fim está normalmente associado à tristeza porque nos falta a sabedoria de encontrarmos nele a espiritualidade da plenitude da vida.
A razão de sermos é a vida, é a luta que diariamente nos move, são os projectos que vamos traçando, as obras que acabamos mesmo quando, nem sempre, o realizamos da melhor maneira ou da forma ideal. Cada um segue os seus caminhos, que vai traçando e percorrendo com as escolhas que tem pela frente, nem sempre fáceis, nem sempre agradáveis.
Afinal somos missionários, não no sentido de evangelizadores mas no de espalharmos qualquer coisa neste mundo, no de termos o dever de viver, de cumprir a nossa tarefa, mesmo quando o fazemos erradamente ou por atalhos que desprendem amargura.
Normalmente, a tendência é para nos lamentarmos, para vermos a felicidade dos outros, sentindo-nos perdidos nas nossas encruzilhadas sem sabermos para onde ir e como ir.
Mas vamos e talvez fosse tudo mais fácil se fossemos admitindo que, depois de um acto espera-nos outro, encarando isto com a normalidade que nos falta para acreditar que o sentido de viver está exactamente nessa missão que cumprimos com maior ou menor entrega. Nada acontece por acaso ou vindo do nada. Existe uma razão para ser assim, que mais não seja aquela que não temos talento para atingir mas que nos é dado talento para enfrentar.