O tempo que vai passando, leva-nos para outra idade.

Domingo, 29 de Março de 2009

       

 

Estes tempos duma realidade que nos revolta as entranhas em que o descaramento passou a ser referência, em que se assumem delitos em nome de valores, em que deixou de ser vergonha arrecadar o que não lhes pertence, que tudo passou a ser verdade sem se saber se é mentira, que em nome de objectivos transparentes se sustentam os sombrios, que a escrita serve a oralidade incoerente, que se apregoam milhões aceites no meio de quem passa fome, é para qualquer ser normal uma ofensa.

            E eu, que já tenho idade para não me sentir desconsiderada com qualquer prosápia, sinto-me a servir este mundo de vaidades, com gente que me afronta cada vez que aparece, exibindo carros que contribuí para lhes comprar e mordomias que se não fosse eu não tinham.

            Não há política que resista a homens que, publicamente, demonstram falta de carácter, a partidos que se deixam dominar por poderes pérfidos, a justiça que se diz pressionada, a informação que se deixa envolver por deveres que não constam na sua deontologia.

            Não há sociedade que consiga erguer como bandeira preceitos que escorregam em baralhadas escudadas em nome duma natureza que ninguém entende a não ser que também esteja envolvido nela.

            Por favor não me ofendam mais, não tenham a desfaçatez de claramente me chamarem lorpa e, pelo menos, recatem-se enquanto o povo não acorda.

 

           

 

publicado por outraidade às 19:46

Terça-feira, 29 de Maio de 2007

A propósito do artigo de Eduardo Prado Coelho “In Público”, a propósito da expansão da campanha destes últimos dias a favor da menina inglesa desaparecida no Algarve, a propósito do debate “prós e contras” ontem na televisão, sinto uma raiva enorme em ter de dizer que nunca mais chega a hora de dar uma volta às nossas mentalidades, à nossa forma de encarar as coisas com outra paixão, ao emprego sem sentido de determinado tipo de “frases feitas” que nos agarram à época da pós revolução. Não saltamos para outro patamar que nada tem a ver com europeização ou progresso, tem a ver connosco como povo, como gente, como País.

Contestamos os governantes que elegemos, abraçamos uma solidariedade “mijona” e acreditamos na perspectiva de trabalho que os sindicatos impõem.

E disto se faz o dia-a-dia do nosso (des) contentamento.

Queixamo-nos do governo mas quem é que votou não foi o povo português?

Compadecemo-nos com os Mccann mas onde estão os grandes empresários a financiar qualquer acção em favor dos meninos desaparecidos em Portugal?

O nosso mercado de trabalho está cada vez mais precário mas onde estão os sindicatos quando é preciso negociar e defender localmente postos de trabalho?

Afinal só uma parte dos trabalhadores é que estão descontentes, já que não se verifica uma adesão global à greve geral (há sindicatos que não concordam com ela).

Quem afinal andamos a servir? Que valores defendemos? Que raio de comiseração é a nossa que nos deixamos tocar pelo sofrimento de uns e não de outros?

O meu ataque e a minha defesa não é pessoalizada, é generalizada. E sinto-me à vontade porque sou apartidária, fui educada segundo os princípios da religião católica mas o meu Cristo é revolucionário e no meu trabalho fui sempre uma contestatária.

Posso não ter resolvido nada com esta minha forma de estar na vida, mas seria hipócrita se me calasse ao ouvir sempre que “a culpa é do governo”, ao constatar que a imprensa cobre todos os passos dos pais da Madeleine e, de soslaio, repita entrevistas dos pais portugueses que também têm os filhos desaparecidos e, ainda, que se faça um debate na televisão portuguesa para ouvir discursos passadistas.

 

 

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publicado por outraidade às 14:40

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