Sempre achei curiosa a forma como a senhora era libertina na sua forma de falar. Pensava eu que o estatuto que atingira e uma certa comodidade na vida lhe faziam sentir esse direito, o que me metia alguma inveja, confesso.
Devido aos seus 50 anos de carreira, as entrevistas têm aparecido com maior frequência e concluo que não tem comodidade nenhuma porque se a tivesse não continuava a falar assim. O status que alcançou maior valor confere às suas intervenções porque não se refugia nele, antes o utiliza inteligentemente e tão dignamente que qualquer mulher sente, perdoe-me minha senhora, uma enorme vontade de ter a possibilidade de vir um dia a ser assim. As palavras são iguais para todos mas não é igual a forma como se empregam e a força que se lhes dá. Muito mais quando se dizem com a serenidade de quem sabe viver.
Nas fotografias dos seus 70 anos de idade que bonita! A forma como exibe as suas rugas conferem-lhe o charme que só é possível numa forte personalidade.
Tem-se vindo a dar muito registo ao facto de ter cantado a frase “quem faz um filho fá-lo por gosto” mas isso fica muito aquém de tantas outras expressões que não teve receio de dizer publicamente. Aqui, muito humildemente, a cumprimento sabendo que as minhas palavras se tornam demasiado simples.